Novo filme da Barbie é sucesso absoluto de bilheterias, mas divide opiniões
Enquanto a obra é elogiada pela qualidade da produção e a mensagem da diretora, críticos acusam a ideologização da boneca Barbie.
O filme Barbie estreou nos cinemas quebrando recordes. Já é a maior estreia do ano, nos Estados Unidos, com um faturamento de 160 milhões de dólares apenas no próprio final de semana de estreia. No Brasil, o filme ocupa a terceira maior abertura das salas de cinema.
Tão grande quanto a bilheteria são as polêmicas envolvendo o filme. Por um lado, Barbie recebeu diversos elogios por reinventar a boneca e trazer pautas atuais; por outro, têm sido acusado de apresentar pautas ideológicas.
Segundo o site Movieguard, o filme acabou deixando totalmente de lado o público que seria justamente o mais atraído pela temática da Barbie, como crianças que brincam com a boneca e suas famílias.
Para parte da crítica, a Mattel focou apenas no público adulto e LGBTQIA+, e o filme ainda traria uma forte carga feminista.
“Eles conseguiram criar uma ilusão perfeita, fazendo-nos acreditar que Barbie seria apenas uma comédia leve, colorida e descontraída para toda a família, com pitadas de humor metalinguístico e irônico.
Talvez encerrasse com uma mensagem de empoderamento feminino genérica e inofensiva sobre as meninas descobrindo o seu potencial.
Contudo, o que ninguém esperava era encontrar 114 minutos de ódio malicioso, amargura e rancor extremo em relação aos homens e tudo o que estivesse remotamente relacionado a eles.” afirmou João Menna, especialista em imagem pessoal, em seu instagram.
Menna é conhecido por fazer análises simbólicas na cultura pop atual. No filme, ainda segundo ele, todos os homens são apresentados como ridículos e irrelevantes.
“No universo da Barbie, todas as Barbies e Kens vivem juntos em Barbie Land, uma utopia feminista onde as Barbies ocupam todos os trabalhos importantes, enquanto os Kens têm uma existência irrelevante, sem valor intrínseco e sem poder ou voz nas decisoes da sociedade.
Eles são considerados bobos e irrelevantes pelas Barbies. Isso certamente revela muito sobre as visões dos roteiristas em relação aos homens.”
Ben Shapiro, apresentador e comentarista político do jornal The Daily Wire, também se pronunciou desfavoravelmente ao filme. Fez um vídeo de mais de 40 minutos com críticas, tratando a produção como uma espécie de cavalo de Tróia da esquerda. Ele afirma que foi até mesmo ameaçado de morte:
“Eu acabei recebendo ameaças de morte por conta da minha crítica ao filme da Barbie.
Por que? Porque existe uma ideologia, a ideologia da revolução sexual que foi promulgada pela esquerda neste país. E esta ideologia está no centro de tudo o que eles pensam e sentem.
Se você questiona, você deve ser expiado. Você deve ser levado ao salto [aqui o autor faz um trocadilho com as palavras ‘heel’, salto, e ‘hell’, que é inferno em inglês], ao estilo da inquisição espanhola. Essa ideologia coloca no centro da vida humana o senso de autodeclaração que não pode ser questionado por ninguém.”
Continua:
“Barbie é um filme que teve suas campanhas voltadas para as crianças. Um filme que, apesar de ter classificação indicativa de 13 anos, foi claramente anunciado para as mães e suas meninas de 8 anos.
Mas a campanha era uma isca porque todo o filme nao a de um diatribe feminista sobre os males do patriarcado moderno. Eles focam no discurso padrão da esquerda social em um filme que deveria ser uma comédia divertida da boneca Barbie.”
O filme também recebeu diversos elogios
Otavio Ugá, apresentador e crítico de cinema, no seu canal Super Oito, destacou a qualidade da produção audiovisual e a capacidade da diretora Greta Gerwig de transmitir as mensagens do filme:
“Já no prólogo de abertura o filme faz uma sagaz alusão à pré-história do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço. O bacana é que não foi uma referência frouxa só para dizer que fez referência, ou uma zoação a toa. Mas uma referência que já inicia o espectador nas mensagens que o filme vai querer abordar.
Em 2001: Uma Odisseia no Espaço, os nossos ancestrais descobrem um monolito e isso influencia numa quebra de paradigma que leva a um salto evolucionário.
Enquanto aqui, em Barbie, menininhas estão brincando com seus bonequinhos bebês, comidinhas e casinhas, brinquedos cuja ideologia era claramente preparar as menininhas para a maternidade. Mesmo que de forma estupidamente precoce.
No filme surge a boneca Barbie como um monolito de 2001 que rompe o paradigma das menininhas conduzindo as mulheres a uma nova era na qual elas seriam respeitadas e poderiam se dedicar ao que quisessem.”
Fernanda Pineda, apresentadora, jornalista e criadora de conteúdo elogiou o trabalho da diretora em reapresentar a consagrada boneca da Mattel:
“Não dava para ser outra pessoa para dirigir esse filme. Quem fosse assumir essa missão, que é difícil, ia ter que lidar com todas as questões que uma marca vai levantar: ‘como você vai tratar minha boneca, meu brinquedo, minha propriedade intelectual? O que você vai fazer com isso?’
E precisava ser alguém que ia mostrar para eles que ia ser bom ter uma pegada inesperada, uma pegada diferente e falar de coisas de agora sem ter medo. As marcas costumam ter medo. (…)
A Mattel está abraçando um negócio e não é que eles revolucionaram por abraçar, tá todo mundo fazendo isso, isso é legal. Foi legal e acho que foi difícil para eles toparem isto também. Palmas para a Greta Gerwig porque ela conseguiu uma coisa que muitos diretores de estúdios grandes ainda não conseguiram: que é entregar um filme assinado trabalhando com a propriedade intelectual de outra pessoa.”
Não é de hoje que a indústria cinematográfica vem reescrevendo histórias para incluir pautas que eles acreditam
Uma das tendências do cinema contemporâneo é inverter e ressignificar símbolos do ado. Incapaz de criar novos personagens ou histórias que caíam nas graças do povo, as produtoras transformam histórias e personagens consagrados para fins ideológicos.
Como o novo filme da Branca de Neve, sem os anões, como o último filme da Cinderela em que a fada madrinha era um homem. Como a própria Barbie, que ou de um símbolo de feminilidade para uma mulher empoderada.
Pouco a pouco, personagens consagrados do cinema são transformados para agradar a pauta progressista.
Explicado em detalhes na série A Sétima Arte da Brasil Paralelo, o parasita pós-moderno é uma tendência do cinema contemporâneo de inverter e ressignificar símbolos tradicionais para fins ideológicos.
Isso impacta direta e indiretamente a sua geração e a sua família.
Por Brasil Paralelo